HIDROTERAPIA

PLANTAS MEDICINAIS


NOÇÕES DE HIDROTERAPIA

              Uma vez que as plantas podem ser empregadas em banhos e compressas, não podemos deixar de dedicar um capítulo à hidroterapia.

              Por hidroterapia entende-se o tratamento pela água sob suas diversas formas e a temperaturas variáveis.

              A água é um dos meios de cura, um veículo de calor ou frio para o corpo.

              Aplicada ao corpo, opera nele modificações que atingem, em primeiro lugar, o sistema nervoso, o qual, por sua vez, age sobre o aparelho circulatório, produzindo efeitos sobre a regularização do calor animal. As reações da aplicação da água são, portanto, três: 
  • Nervosa.
  • Circulatória.
  • Térmica.
Água fria

              A água fria excita fortemente a sensibilidade periférica, e a excitação experimentada é levada, por via centrípeta, até os centros corticais, produzindo diversos reflexos, dos quais para nós os mais interessantes ocorrem na periferia, nos vasos superficiais e nos órgãos subjacentes, na pele.

              O sistema nervoso sensitivo, excitado na totalidade das suas ramificações periféricas, é estimulado e melhorado nas suas funções, produzindo, no indivíduo, uma sensação de bem-estar; e o indivíduo sente reanimado, alegre e disposto para o trabalho. O sistema nervoso recobra o seu tom. Por Isso se pode dizer que a água fria é um tônico para o sistema nervoso. A aplicação de Água fria ao corpo, ao mesmo tempo tônica e sedativa, regulariza as funções nervosas.

              Quando a água fria toca a pele, os vasos periféricos se contraem, o coração retarda momentaneamente suas batidas e a pressão arterial aumenta. Ao cabo de alguns segundos, graças ao relaxamento dos vasos periféricos, a pele se torna mais corada. Baixa a pressão arterial e o coração acelera suas batidas.

              Na aplicação de água fria verificam-se, pois, duas fases: em primeiro lugar a vaso-constrição e hipertensão; em segundo lugar a vaso-dilatação e hipotensão. Logo em seguida, a circulação volta, nos indivíduos normais, ao seu estado habitual.

              A vaso-constrição produzida pelo contacto da água fria é, pois, um reflexo de defesa destinado a diminuir a perda de calor. Nesse ato é modificada a distribuição da massa sanguínea que conduz o calor. O sangue é afastado da periferia e impelido para dentro. Em resultado, há aumento de calor interno, e, em seguida, nas aplicações rápidas de água fria, vem a irradiação do calor do centro para a periferia, em virtude da vaso-dilatação, graças à qual o sangue é enviado, em abundância, do centro para e periferia.

              Nas aplicações mais prolongadas de água fria, a fase da vaso-constrição é mais demorada e a fase da vaso-dilatação é menos rápida e menos ativa, maior é o esfriamento do corpo e mais lento o seu aquecimento. Nas aplicações demasiadamente prolongadas, o aquecimento pode faltar.

Água quente

              A água quente produz como a água fria, a excitação da sensibilidade periférica e determina quase igual série de reflexos. A principal diferença é que a água fria é mais tônicas e sedativas que a água quente. Outrossim, a aplicação demasiadamente longa desta última é deprimente.

              Com água quente também se verificam as duas fases já mencionadas: 
  • Vaso-constrição com hipertensão.
  • Vaso-dilatação com hipotensão.
              A princípio há, com a aplicação de água quente, produção de muito calor. Depois a defesa orgânica contra a elevação da temperatura interna se efetua por meio de uma vaso-dilatação periférica enérgica, e por transpiração, se a aplicação é de duração suficiente.

              As aplicações hidroterápicas frias ou quentes têm, em seus efeitos sobre o corpo humano, a pele como intermediário. Da superfície da pele parte a impressão sensitiva que constitui a reação da sensibilidade, o reflexo vasomotor que provoca a reação circulatória, e o reflexo térmico que regula, por meio dos vasomotores, o gasto de calor periférico.

              Por outro lado, o estado da pele também sofre modificações. As duas fases: vaso-constrição a vaso-dilatação a afetam especialmente, de vez que os capilares cutâneos são os mais diretamente interessados. A pele fica, sucessivamente, pálida, e, logo em seguida, rosada, em virtude dos movimentos vasculares, graças aos quais; a pele pode desempenhar-se mais facilmente das suas funções, das quais, a que mais nos interessa no momento, é a eliminação das substâncias morbosas, pela freqüente transpiração. Este resultado pode ser alcançado tanto com água fria como com água quente, mas o efeito da primeira é maior.

              A hidroterapia, como tratamento capaz de operar profundas modificações no organismo, tem igualmente influência sobre a nutrição, pois está comprovado que este tratamento aumenta o número de glóbulos vermelhos e de glóbulos brancos do sangue, aumenta a taxa de hemoglobina, age sobre a excreção urinária, tem efeito sobre a evacuação, aumenta a eliminação das matérias azotadas e do ácido úrico, etc.

Banhos quentes

              Os banhos quentes (de 37° a 40°C) são tônicos se são curtos (5 10 ou 15 minutos). Sendo mais demorados, ou muito freqüentes, tornam-se deprimentes.

              Inicialmente a temperatura da água deve ser morna ou neutra (30° a 35°C); vai-se acrescentando água quente nos poucos, até que a temperatura chegue a 40°C.

              Quem não está acostumado a tomar banhos quentes, deve começar com banhos rápidos, digamos de 5 minutos, aumentando um pouco a duração em cada banho seguinte.

              Estes banhos se recomendam aos obesos, aos que sofrem de gota, podagra, reumatismo, às pessoas predispostas aos espasmos; recomendam-se também para aliviar convulsões, etc.

              No começo da febre escarlatina, do sarampo, da rubéola, um banho quente de 10 minutos, faz aparecer a erupção.

              O banho quente também é bom para provocar o aparecimento da menstruação e para aliviar a menstruação dolorosa.

              O banho quente faz suar e ajuda a eliminar as substâncias morbosas que o corpo envenenado por um falso modo de viver é demasiado fraco para por si mesmo expulsar.

              Antes de se tomar um banho quente, deve-se tomar copiosa quantidade de água fria.

              Durante o banho é bom aplicar compressas frias à cabeça, para evitar a congestão cerebral.

              À água do banho acrescenta-se o cozimento de folhas de eucalipto, cavalinha, flores de feno, e outras plantas de que se trata neste blog.

              Imediatamente ao sair do banho quente, deve a pessoa tomar um choque de água fria. Pode tomar um chuveiro frio, rápido, de meio minuto, ou alguém derramar-lhe água fria por cima. Isso para evitar que se resfrie.

Banhos neutros

              Os banhos neutros (33° a 36°C - 10 a 20 minutos) são bons para as pessoas enfermas, para os débeis, anêmicos, reumáticos, nervosos, para os que sofrem de insônia, etc.

              Se tomar o banho para combater a insônia, toma-se imediatamente antes de se deitar.

              À água do banho pode-se acrescentar o decocto de muitas plantas medicinais mencionadas neste blog.

              Durante o banho, é bom refrescar a cabeça com água fria.

              No fim toma-se um chuveiro frio rápido.

Banhos frios

              Os banhos frios (8° a 15°C) de imersão, não devem durar mais do que 1/2 a 1 minuto. Os de chuveiro podem durar um pouco mais.

              Boa praxe é começar com um banho bem curto e estender a duração em cada banho seguinte.

              Pode-se tomar o banho frio de manhã e de noite, imediatamente antes de deitar-se, mas pelo menos duas horas depois da comida.

              Ao entrar no banho, é preciso que o corpo esteja quente. Quem sente frio deve esquentar-se antes do banho, mediante exercícios físicos, fricções no corpo, ou mediante um banho quente.

              As pessoas debilitadas, os enfermos de enfermidades crônicas, devem, para fortificar-se, começar com banhos frios parciais (pedilúvios, banhos de assento, banhos de tronco, afusões), pois se começassem diretamente com os banhos frios totais, os mesmos poderiam fazer-lhes mais mal do que bem. Depois de experimentarem a eficácia dos banhos parciais, poderão tomar banhos frios de corpo inteiro. Ou, então, poderiam começar com banhos totais quase mornos e reduzir a temperatura da água em cada banho subseqüente até que suportem bem o banho frio.

              Os banhos frios rápidos têm efeito fortificante sobre o sistema nervoso. Quando prolongados podem ocasionar resfriamento, a menos que se observem freqüentes intervalos para fricções.

              São muito usados os banhos frios para diminuir a febre, inclusive a febre tifoide.

Banhos quentes de assento

              Põe-se na banheira, água à temperatura de 38° C aproximadamente. A água pode chegar até o umbigo.

              Aumenta-se gradativamente a água até 45° C.

              Quem não tiver banheira própria para banhos de assento, pode usar uma bacia funda, ou arranjar uma tina, ou adaptar um barrilote de madeira.

              À água do banho acrescenta-se o decocto de plantas medicinais indicadas neste blog.

              Mantém-se fresca a cabeça com uma compressa de água fria.


  • Os pés devem estar mergulhados em água quente (43° a 48°C), num balde, lata ou bacia.
  • O corpo deve estar bem agasalhado.
  • Durante o banho deve beber-se água fresca.
  • A duração do banho pode ser de 10 a 20 minutos.
  • Os banhos de assento quentes servem para atrair o sangue para os órgãos abdominais.

              Empregam-se, com excelentes efeitos, na congestão da cabeça, nas perturbações da digestão, nas enfermidades do estômago, do intestino, do fígado, dos órgãos sexuais, dos rins, do coração, dos olhos, da garganta, etc.

              Empregam-se para aliviar as dores na menstruação, na micção difícil das pessoas idosas, nas hemorroidas, e em outros casos em que haja dores no baixo-ventre; também nas inflamações do útero, dos ovários, da vagina, da bexiga, etc.

              Especialmente nas cólicas e nos cálculos do fígado, dos rins e da bexiga, o banho de assento bem quente tem considerável efeito anódino, isto é, alivia grandemente as dores.

              Ao levantar-se do banho toma-se uma afusão de água fria nos quadris, não, porém, nos casos de menstruação e micção difícil.

Banhos neutros de assento

              A temperatura da água é de 33° a 37° C. Os efeitos dos banhos neutros são, em menor grau, paralelos aos dos banhos quentes.

              Também aqui o decocto de plantas medicinais, acrescentado à água do banho, traz bons resultados.

              Tomados nos últimos dois meses da gravidez, cada dia, durante 15 minutos, esses banhos são muito úteis para facilitar o parto. Além disto, facilitam o sono.

Banhos frios de assento

              A temperatura da água é de 8° a 15° C. Bom é começar com uma temperatura quase morna e baixá-la em cada banho seguinte. A quantidade de água deve ser suficiente para cobrir os quadris, ou seja, tanta quanta chegue até o umbigo. A duração é de 2, 3, 4 ou 5 minutos.

              Os pés devem estar mergulhados em água quente (40° a 43°C).

              São muito importantes, especialmente para o abdômen, pois regulam a circulação do sangue nesta região do corpo.

              Aplicam-se nas moléstias abdominais, nas hemorragias, na clorose, na digestão fraca, na prisão de ventre, na dilatação do útero após o parto, na insônia, nervosismo, em casos de hemorragia do útero, da vagina ou dos intestinos.

              Tomam-se preferivelmente de manhã, ao levantar-se, e de noite, ao deitar-se, num recinto quente. Deve-se estar agasalhado a fim de evitar o resfriamento.

              Ao sair do banho, devem-se friccionar bem os quadris, para aumentar os efeitos estimulantes sobre a circulação.

Banhos de assento alternados

              É necessário ter duas tinas: uma com água quente (35° a 37°C) e outra com água fria (8° a 15°C).

              Acrescenta-se à água quente o decocto de folhas de eucalipto, cavalinha, flores de feno, ou outras ervas medicinais indicadas neste blog.

              A duração do banho é de 15 a 20 minutos.

              Cada 5 minutos a pessoa em tratamento sai da água quente e senta-se, 1 minuto, na água fria.

              O banho alternado, de assento, produz bom efeito em casos de reumatismo, espasmos dos rins e da bexiga, cálculos, afecções do aparelho urinário, etc.

Banho de tronco

              Os banhos de tronco, como o próprio nome diz, abrangem somente o tronco.

              Usa-se, para esta espécie de banhos, uma tina com as costas bem inclinadas para trás, conforme mostra a gravura correspondente. A água deve chegar até os quadris ou até o umbigo.

              A temperatura da água é entre fria e morna, ou seja, de 17° a 25°C.

              Os pés não são postos em água.

              O tronco fica recostado ao espaldar da tina, ou seja, fica numa posição entre sentado e deitado.

              As partes não banhadas do corpo, como sejam os ombros, o peito, as pernas e os pés, devem ser agasalhadas com um cobertor ou com roupas ou panos de flanela ou lã.

              Fricciona-se constante e energicamente, mas sem violência, o baixo-ventre, sempre a partir do umbigo para baixo e para os lados, com um pano grosso, até que o corpo se refrigere. 

              O arrefecimento necessário vem depois de 10 ou 15 minutos. Para diminuir ainda mais a temperatura elevada do interior do corpo, pode-se continuar o banho por mais 5 minutos.

              Para as pessoas débeis, e para as crianças, bastam 5 minutos ao todo.

              O banho de tronco é ótimo refrescante do interior do corpo, pelo que tem bom efeito em casos de febre, inclusive na febre tifoide.

              Geralmente bastam dois ou três banhos por dia.

              Um banho de tronco diário, durante o período da gravidez, facilita o parto.

              Tem aplicação eficaz, também, nas afecções do estômago, dos intestinos, dos rins, do fígado, etc.; ajuda a eliminar as substâncias morbosas do corpo; mostra-se igualmente eficaz nas moléstias sexuais, nas moléstias dos olhos, da cabeça, do pescoço, da laringe, etc.

              Terminado o banho, aquece-se o corpo, fazendo uma fricção geral, rápida, ou voltando à cama, ou dando um passeio com o corpo bem agasalhado, ou fazendo algum trabalho ao ar livre, ou exercícios físicos, ou tomando um banho de sol.

              Não se deve comer imediatamente após o banho, senão depois de restabelecido o calor normal do corpo.

Banhos vitais

              Deita-se água fria numa tina ou bacia. Por cima estende-se uma tábua. A água não deve chegar até a tábua. Senta-se na tábua em seco. Todo o corpo deve’ ficar fora d’água, excerto os pés, que se põem em água quente. E, com o côncavo das duas mãos, vai-se jogando água fria sobre o ventre.

              A duração do banho é de 10 a 20 minutos.

              O efeito deste banho é estimulante para a circulação sanguínea; e tônico para o sistema nervoso.

Semicúpios

              Tomam-se este banho sentado numa cadeira, num banquinho ou numa tábua estendida sobre uma cuba ou tina contendo água fria em abundância, a saber, uns 30 ou 40 litros. Pouca quantidade se aqueceria logo, e o banho perderia sua eficácia, O corpo fica todo fora da água.

              A pessoa em tratamento inclina-se um pouco para frente e, com um pano mergulhado repetidamente na água fria, lava continuamente apenas as extremidades externas e anteriores dos órgãos sexuais, tomando sempre tanta água quanta o pano possa absorver, sem torcê-lo. A extremidade do órgão masculino deve, durante o banho, ser sempre conservada debaixo d’água.

              Não se esfrega com violência. Fricciona-se de leve.

              As mulheres devem ter o cuidado de lavar somente o exterior e nunca o interior, e, durante a menstruação, devem suspender o semicúpio.

              A duração do banho é de 15 a 30 minutos.

              A eficácia do semicúpio se explica por dois fatos:

              Em primeiro lugar, como o interior do corpo é caracterizado pela presença de grande calor produzido pela fermentação das substâncias estranhas, este banho refresca o interior sem provocar o esfriamento do resto do corpo. Ao contrário, as partes frias, mormente dos enfermos de enfermidades crônicas, sofrem aquecimento. Graças a esta ação, normaliza-se a temperatura anormal, interna, provocada pela fermentação das matérias morbosas.

              Em segundo lugar, este banho tonifica grandemente o sistema nervoso e aumenta a força vital do corpo inteiro. Em nenhuma outra parte do corpo humano se encontram tantos nervos importantes como na parte a que se aplica este banho. As extremidades de grande número de nervos de medula espinhal e do sistema nervoso simpático constituem os principais nervos do baixo-ventre, e, sendo estas extremidades influenciadas pela aplicação de água fria, exercem influência sobre todo o sistema nervoso. A água fria aplicada às partes genitais fortifica consideravelmente os nervos e reanima a força vital de todo à organismo.

Pedilúvios quentes 
(escalda-pés)

              Põe-se numa bacia, tina, lata ou balde uma quantidade de água suficiente para cobrir os tornozelos.

              A temperatura inicial deve ser de 35° a 40°C, devendo acrescentar-se mais água quente aos poucos, até elevar a temperatura a 48°C ou até o máximo que se possa suportar.

              A duração do banho de pés é de 10 a 20 minutos.

              Sendo muito quente a água do banho, ou havendo tendência para o desmaio, é bom refrescar a cabeça com uma compressa fria.

              O escalda-pés é de bom efeito como auxiliar de outros tratamentos. Atrai para os pés o sangue das demais partes do corpo.

              Emprega-se, outrossim, com bom resultado, quando há sensação de frio (falta de calor corpóreo), quando a água fria não provoca reação por escassez de sangue, e em casos de anemia, nervosismo, falta de sono, desordens na circulação do sangue, congestões, espasmos, falta de menstruação, etc.

              Como os pedilúvios resolvem e fortificam, aplicam-se também com muita eficácia, nos suores dos pés, podagra, lesões, tumores, etc., dos pés.

              Para os que sofrem de varizes a temperatura da água não deve ser superior a 31°C.

              Também aqui não devem ser esquecidas as preciosas plantas curativas, segundo indicações que damos, nas páginas seguintes, para cada caso específico.

              Quando se toma um pedilúvio quente, com o cozimento de plantas curativas, deve-se por fim, aplicar um jorro frio aos pés ou pô-los, durante 1 minuto, em água fria.

Pedilúvios frios

              Põe-se numa lata ou em um balde a quantidade de água suficiente para alcançar a barriga da perna. Melhor, todavia, é a água corrente.

              A duração do banho é de dois ou três minutos. A princípio há uma sensação desagradável. Em seguida vem uma sensação de calor e a pele das partes submergidas avermelha.

              O pedilúvio frio e curto excita a circulação local do sangue e combate o frio habitual dos pés. Convém, pois, às pessoas que sofrem de pés frios.

              O banho frio de pés ajuda a desviar o excesso de sangue na cabeça, pelo que convém em casos de insônia.

Pedilúvios alternados

              Usam-se dois baldes, latas ou outros recipientes. Numa vai água fria e noutra água quente, tão quente como se possa suportar. A quantidade deve ser suficiente para a barriga da perna, podendo mesmo ir até os joelhos.

              A duração do pedilúvio é de 10 a 20 minutos.

              Põem-se os pés alternadamente, 5 minutos em água quente e 1 minuto em água fria, acabando-se com água fria.

              Terminado o banho, friccionam-se os pés com uma esponja ou um pano, e calçam-se, logo, meias e sapatos.

              O pedilúvio alternado ativa a circulação do sangue nos pés, pelo que é útil para desviar o excesso de sangue da cabeça. O que ajuda a alcançar este resultado é a aplicação de compressas frias à cabeça.

Banhos de vapor

              Para tomar estes banhos, é preciso que a pessoa tenha uma caixa própria, dentro da qual possa sentar-se, fechando-a bem e ficando só com a cabeça de fora. No interior da caixa instala-se um assento de grade, ou uma cadeira de assento perfurado, para dar passagem ao vapor. Em baixo coloca-se uma chaleira elétrica, grande, com águia a ferver. Caso uma não dê vapor suficiente, podem usar-se duas. Pode-se, em vez de chaleira elétrica, colocar, colocar, fora, ao lado da caixa, uma pequena caldeira, ou um pequeno tambor, com um tubo ou mangueira a desembocar no interior da caixa, soltando aí o vapor. Basta também uma panela de vapor ordinária com uma abertura em forma de funil, em que se põe a mangueira. A panela, cheia de água, com plantas medicinais (cavalinha, folhas de eucalipto, etc.), é posta sobre o fogão. Assim que a água começa a ferver e soltar o vapor na caixa, pelo tubo de borracha, entra-se na caixa, fecha-se bem, passa-se uma toalha em volta do pescoço, para fechar a abertura por onde a cabeça fica do lado de fora. Aproveita-se, assim, melhor o vapor, evitando o seu escapamento.

              A duração do banho é de uns 15 a 30 minutos. Bom é começar com banhos mais curtos (10 minutos) e estender a duração em cada banho seguinte.

              Durante o banho bebe-se, algumas vezes, água fresca, e refresca-se o rosto e a cabeça, a miúdo, com uma toalha molhada em água fria e torcida. Ou, então, se pode aplicar uma compressa fria à cabeça, renovando-a várias vezes, ou seja, sempre que se aqueça.

              Podem-se interromper o banho de vapor uma, duas ou três vezes para tomar um chuveiro frio, rápido, de meio minuto, e fazer fricções no corpo.

              Termina-se o banho de vapor com um chuveiro frio de um minuto.

              Quem quer continuar a suar, deve, imediatamente ao sair da caixa, e sem tirar o suor com um chuveiro frio, envolver-se num lençol mergulhado em água quase fria (entre 20° e 25°C) e bem torcido, e cobrir bem o corpo, com bastantes cobertores, na cama. Continua-se a suar por mais 45 minutos até uma hora.

              O suadouro deve ser terminado com um chuveiro frio rápido ou com uma fricção rápida com um pano torcido em água fria.

              Não somente os enfermos, senão também os sãos devem tomar banhos de vapor de quando em quando, podendo ser um por semana.

              Os banhos de vapor e todos os suadouros, seguidos de chuveiro frio, rápido, ativam a circulação do sangue e promovem a expulsão das impurezas que, retidas no interior do organismo, poderiam mais tarde trazer várias afecções.

              Os banhos de vapor constituem, pois, excelentes remédios contra quase todas as enfermidades, pois que a maioria das doenças tem, por causa primária, impurezas no sangue, e tais banhos são também um bom meio de prevenir moléstias.

              Quando, por exemplo, suspeitamos o começo de uma enfermidade eruptiva (sarampo, rubéola, escarlatina, varicela, etc.), não devemos esperar até que a doença se manifeste este. Devemos entrar logo no banho de vapor, para que, pela sudação, sejam expelidas as substâncias venenosas e apareça a erupção.

              As plantas medicinais, incluídas na água a ferver, prestam grande auxílio.

Compressas quentes

              A fomentação é um dos processos mais comuns, fáceis e eficazes da hidroterapia.

              Mergulha-se um pano, dobrado em 4 ou 6, em chá quente de plantas medicinais, segurando-o pelas pontas, para não queimar as mãos, e torcendo-o várias vezes para deixar escorrer bem a água.

              Aplica-se a compressa, à parte dolorida, tão quente como se possa suportá-la.

              Por cima da compressa vai um pano de lã ou flanela. Como a compressa logo se esfria, é necessário muda-la cada 3 ou 5 minutos. E, para que o paciente não necessite esperar, é necessário ter outra compressa já pronta. Usam-se, portanto, dois panos dobrados em 4 ou 6.

              Nunca se deve colocar outra compressa sem enxugar primeiro a parte tratada.

              Sempre que possível, deve-se ter à mão, também, como é evidente, a panela de água fervendo.

              A duração total da aplicação é de uns 30 minutos.

              Em seguida ao tratamento, faz-se uma fricção leve e rápida com pano úmido, frio, e a parte tratada deve ser envolvida em panos de lã ou flanela seca.

              Em casos de dor muito forte, não se faz à fricção fria no fim.

              Se a dor não cessa, pode-se, depois de meia hora, fazer nova aplicação de compressas quentes.

              Outro processo é o que consiste em colocar a compressa torcida, bem quente, entre dois panos, de maneira que a parte em tratamento receba o vapor da compressa quente.

              Esta fomentação basta mudá-la cada 5 ou 8 minutos. Aplicam-se compressas quentes ao ventre nos seguintes casos: fortes dores abdominais, cólicas do fígado provenientes dos cálculos biliares (pedras na vesícula biliar), cólicas resultantes da gota, disenteria, enterite aguda, indigestão, hipocondria, timpanite, prisão de ventre persistente, espasmos do estômago e da bexiga, gota intestinal e estomacal, inflamações dolorosas no abdômen.

              Aplicadas ao peito, as compressas quentes dão bons resultados em casos de congestão pulmonar, pleurisia, bronquite, tosse, etc.

              Aplicadas à face, aliviam a nevralgia facial, a dor de dente, etc.

              Aplicadas à região lombar (na parte traseira da cintura), aliviam as dores em casos de lumbago.

              Aplicadas ao espinhaço (costas), facilitam o sono.

Compressas frias, refrigerantes

              Mergulha-se em água fria um pano dobrado em 4 ou 6, torce-se e aplica-se à parte que se vai tratar.

              A água deve, naturalmente, ser provida com antecedência, com o decocto de plantas medicinais, e deixada a esfriar.

              Como a compressa se aquece logo, é necessário renová-la com freqüência, pelo que se deve ter outra compressa já pronta.

              Renova-se cada 4 ou 5 minutos, e, desta maneira, se obtém uma subtração de calor.

              Este processo produz, em miniatura, o que produz a envoltura em lençol molhado, frio.

              Emprega-se como antiflogístico e vaso-constritor, nas inflamações locais, hiperemia, acessos de gota, congestão renal, congestão cerebral, meningite, peritonite aguda, febre tifoide, apendicite e artrite aguda.

Compressas frias, termógenas ou aquecedoras

              Dobra-se um pano em quatro ou seis, mergulha-se em água fria, torce-se e aplica-se segundo a finalidade para que se necessita.

              Em volta da compressa passam-se outro panos, secos, impermeáveis, em boa quantidade, (podem ser flanelas), para evitar o escapamento do calor produzido, pois a compressa fria logo começa a esquentar.

              Tal compressa fica várias horas, ou toda a noite, no lugar a que é aplicada.

              A princípio, ela esfria a pele e a irrita. Logo, porém, a pele começa a aquecer-se, pouco a pouco, e, finalmente, o calor produzido sob a compressa acaba por secá-la.

              Segundo a sua finalidade terapêutica, pode-se aplica-la a várias partes do corpo.

              Emprega-se nos seguintes casos: bronquite, enfisema, dispepsia, espasmos do piloro, prisão de ventre, congestão do fígado, transtornos motores do estômago e intestinos, angina, faringite, espasmos da laringe.

              Notando-se que a compressa, depois de aquecer-se, começa a esfriar, deve-se tirá-la, sob pena de se obter um resultado contrário ao que se queria alcançar.

              Terminado o tratamento, deve-se, ao tirar-se a compressa, friccionar rapidamente, com pano úmido, frio, a parte tratada, enxugando-a logo com um pano ou toalha.

INSTRUÇÕES NECESSÁRIAS 
À APLICAÇÃO DA HIDROTERAPIA

  • Ao proceder-se a um tratamento com água fria, o corpo deve estar quente. Se a pessoa que vai tratar-se sente frio, deve primeiro aquecer-se mediante exercícios físicos, ou fricções no corpo, ou por um pedilúvio quente. Se o compartimento onde se vai fazer o tratamento é frio, deve aquecê-lo.
  • A distância mínima entre os tratamentos e as refeições é uma hora antes da comida ou três horas depois. 
  • Em seguida ao tratamento com água fria, deve-se aquecer o corpo com fricções, exercícios físicos ou banho de sol. 
  • Depois de um banho de vapor, ou um banho em ‘água quente, ou um suadouro, deve-se tomar um chuveiro, ou afusão, ou irrigação de água fria rapidamente, para evitar resfriamento. 
  • Os tratamentos com água fria não devem ser aplicados muito perto um do outro. Deve-se observar, entre um e outro tratamento, um intervalo suficiente para permitir que o corpo readquira seu calor normal. 
  • Se o paciente está dormindo, não se deve despertá-lo para aplicar-lhe o tratamento. Na cura das enfermidades, o sono tem bom efeito. Em caso da febre, pode-se despertar o enfermo, porque, então, o sono não é natural. 
  • Durante os tratamentos de processo derivativo (banhos de vapor, banhos de assento quentes, escalda-pés, etc.), não se deve ler, porque a leitura atrairia o sangue para o cérebro. 
  • Não se alcançando imediatamente o resultado desejado, não se deve desanimar nem pôr em descrédito a eficácia dos tratamentos naturais. Muitas vezes, nos casos crônicos, só se alcança à cura depois de aplicações prolongadas. 
  • No tratamento das crianças, quando estas gritam de medo e aversão pelas aplicações, deve-se proceder com muito jeito, pois uma agitação violenta poderia tornar pouco aproveitável ou mesmo prejudicial o tratamento. 
  • Finalmente, tornamos a salientar que não deve faltar nenhum dos fatores de saúde mencionados no primeiro capítulo desta página, pois pouco ou nada adiantariam ao paciente os tratamentos hidroterápicos e as plantas medicinais, se ele continuasse a viver uma vida de transgressão às leis da natureza.







Joe Nature

Nenhum comentário:

Postar um comentário